As Queimadas e a Imagem do Brasil.
Como o país está queimando sua credibilidade internacional.
Primeiro, a parte boa da história: o Brasil, como um dos membros fundadores do BRICS e guardião de grande parte da Amazônia e Mata Atlântica, tem tentado se posicionar como liderança ambiental, tanto dentro do Bloco quanto em âmbito global. Refletida em vários discursos do Presidente brasileiro em suas viagens internacionais e também diante do público doméstico. No entanto, há uma parte mais sombria a ser contada. O aumento das queimadas no país tem colocado em xeque essa ambição do governo brasileiro. Mais ainda, o fogo que se alastra por quase todo o país parece queimar não apenas árvores centenárias e biodiversidade, mas também a credibilidade do Brasil como um país-modelo, potência econômica e lider na defesa ambiental no cenário internacional. É sobre isso que quero falar como voce neste texto: as queimadas e a imagem do Brasil.
Números e Desafios das Queimadas no Brasil.
Estudos recentes mostram que os incêndios na Amazônia contribuem significativamente para as emissões globais de carbono. Segundo o Observatório do Clima, em 2022, as emissões brasileiras aumentaram cerca de 12% devido ao desmatamento e ao alastramento desses incêndios. Em termos globais, isso colocou o Brasil como um dos maiores emissores de gases de efeito estufa.
Por conta disso, nos últimos anos, a degradação ambiental e o aumento das queimadas têm atraído críticas severas e, até, ameaças de retaliações econômicas por parte de países mais desenvolvidos. De acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), só em 2023 foram registrados mais de 70 mil focos de incêndio na Amazônia. Em 2024, esses números aumentaram em 100% em relação ao ano anterior, segundo o mesmo instituto. Esses números refletem um crescimento alarmante em relação aos anos passados e lançam dúvidas sobre as promessas ambientais do governo brasileiro. Dados como esses, além de refletirem uma incapacidade do Brasil de lutar efetivamente contra o problema, são amplamente usados pela mídia internacional, que frequentemente questiona a eficiência das medidas de proteção ambiental no país.
Essa realidade contrasta fortemente com o discurso de Lula, que, em várias entrevistas, reiterou seu compromisso de zerar o desmatamento ilegal até 2030. Esse discurso, claro, agrada as instituições internacionais de preservação ambiental mais exigentes, mas, à luz do que vemos hoje, parece ser uma meta distante. Considerando os números atuais e a falta de políticas robustas de combate real às práticas incendiárias e criminosas, o Brasil está longe de alcançar esses objetivos.
O Papel do Brasil no BRICS e a Questão Ambiental
O BRICS busca ampliar sua influência em questões econômicas e políticas globais, incluindo as ambientais. O Brasil, por possuir a maior parte da floresta amazônica e uma biodiversidade incomparável, tem uma responsabilidade acrescida nesse cenário. Essa responsabilidade, além de ser um desafio, representa também uma chance para o Brasil de se mostrar capaz de comandar agendas de peso na política internacional. Em outras palavras, uma política ambiental moderna, aliada a medidas eficazes de combate ao desmatamento, poderia catapultar o Brasil a uma posição de destaque e prestígio global.
Assim, um papel de liderança do Brasil dentro do Bloco poderia se basear, principalmente, em sua capacidade de influenciar políticas ambientais que impactam todo o planeta, em um momento em que esse tema assume grandes proporções.
Discursos de Lula na ONU: Promessas e dúvidas
A realidade ambiental em 2024, infelizmente, não é muito diferente dos anos anteriores. Na verdade, pode-se dizer, como já vimos, que essa situação se deteriorou consideravelmente. O Presidente Lula, que, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU em 2023, já havia afirmado o compromisso de zerar o desmatamento da Amazônia legal até 2030, reiterou esse compromisso em 2024. Entretanto, o Brasil enfrenta uma das piores secas de sua história, além de ter vivenciado uma catástrofe ocasionada por chuvas no Rio Grande do Sul. A visibilidade destes eventos aumenta a dificuldade do governo Lula em dar credibilidade às suas palavras.
Apesar do discurso de alinhamento com a sustentabilidade, a realidade interna apresenta grandes desafios. No que tange à comunidade internacional, esta tem sido cética quanto à capacidade do Brasil de manter suas promessas, enquanto as taxas de desmatamento e queimadas continuam crescendo. Já não são poucas as vozes questionando a liderança ambiental do Brasil, mencionando a dualidade entre o discurso e a prática brasileiras, o que desafia a credibilidade do país como líder ambiental global. Sim, as queimadas e a imagem do Brasil parecem estar estreitamente associadas na análise que é feita por agentes internacionais.
O Impacto das Queimadas na Imagem do Brasil
A mídia internacional, que, no passado, sempre viu o governo do Presidente Lula com bons olhos, tem tecido críticas cada vez mais severas quanto ao desempenho do Brasil nesse tema. Publicações como The Guardian e o New York Times frequentemente retratam as queimadas como um dos principais pontos de preocupação para investidores e outros países. Essa narrativa pode prejudicar não só a imagem do Brasil, mas também sua economia, já que muitos países estão condicionando acordos comerciais à conformidade com padrões ambientais mais rigorosos.
Dentro do BRICS, a desdolarização, um dos temas centrais do Bloco e uma das propostas que o Brasil busca avançar, depende da confiança dos países-membros em sua capacidade de implementar políticas com visão de futuro. Se o Brasil falhar em mostrar liderança ambiental, poderá perder a oportunidade de moldar discussões importantes sobre desenvolvimento sustentável e minar a confiança dos parceiros em temas como a substituição do dólar.
O Futuro do Brasil no BRICS e na Política Ambiental Global
O Brasil, sendo uma nação-chave no BRICS, precisa urgentemente alinhar suas práticas internas com suas promessas internacionais. A liderança no Bloco depende, em grande parte, de sua habilidade em gerenciar e preservar seus recursos naturais. Se as queimadas continuarem a aumentar, o Brasil poderá enfrentar sanções ou até perder oportunidades de negociar acordos vantajosos dentro do BRICS, especialmente com países como a China, cada vez mais focados em questões de sustentabilidade.
O caminho para o Brasil assumir uma verdadeira liderança ambiental no BRICS passa por políticas ambientais robustas e ações concretas. A transição para uma economia verde, aliada à preservação da Amazônia e à redução das queimadas, são passos essenciais para o país se reposicionar de forma positiva no cenário internacional.
O Brasil está em uma encruzilhada: ou toma medidas sérias para reduzir as queimadas e lidera pelo exemplo, ou corre o risco de perder credibilidade no cenário internacional e dentro do próprio BRICS. Assim, as queimadas e a imagem do Brasil caminha lado a lado e só uma atitude decisiva do país poderá reestabelecer a confiança perdida.
O futuro do Brasil no BRICS e na política ambiental global depende de ações concretas agora!
Se você se preocupa com o meio ambiente e o papel do Brasil no cenário internacional, junte-se à conversa! Compartilhe suas opiniões nos comentários abaixo e siga nosso blog para mais análises sobre as políticas ambientais do Brasil e seu impacto no BRICS. Vamos juntos exigir um futuro sustentável e responsável!
Não fique de fora!
Manoel da Silva